Cia de Dança Deborah Colker apresenta 'A Cura' em Goiânia | 0 comentário |
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Publicado em 18/05/2022 21:21
A Cia de Dança Deborah Colker apresentará em Goiânia o seu novo espetáculo "A Cura", nos dias 4 e 5 de junho, às 20 horas, no Teatro Goiânia. Os ingressos custam a partir de R$ 25,00, dependendo do lugar escolhido. Veja os preços no final da matéria. Eles podem ser comprados pelo Sympla.
Deborah Colker dedicou seu tempo, nos últimos anos, a buscar uma cura. No caso, uma solução para a doença genética que o seu neto tem, a epidermólise bolhosa. Dessa angústia pessoal nasceu o novo trabalho da Cia. Deborah Colker, um espetáculo que vai muito além do aspecto autobiográfico. “Cura” trata de ciência, fé, da luta para superar e aceitar nossos limites, do enfrentamento da discriminação e do preconceito. A dramaturgia é do rabino Nilton Bonder e a trilha original é de Carlinhos Brown.
O espetáculo estreou em 6 de outubro de 2021, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, e passou por nove cidades, com um total de 48 apresentações, e um público total de 50.000. Já a turnê 2022 iniciou com temporada no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro entre 27 de janeiro e 20 de fevereiro. Durante o ano de 2022, todas as apresentações do espetáculo “Cura” contarão com audiodescrição para deficientes visuais.
A coreógrafa concebeu o projeto em 2017, mas foi no ano seguinte, com a morte de Stephen Hawking, que encontrou o conceito. Embora acometido por uma doença degenerativa, a ELA (Esclerose lateral amiotrófica), o cientista britânico viveu até os 76 anos e se tornou um dos nomes mais importantes da história da física. Deborah percebeu que há outras formas de cura além das que a medicina possibilita.
"Quando foi diagnosticado, os médicos deram a Hawking três anos de vida. Ele viveu mais 50, criativos e iluminados. Entendi o que é a cura do que não tem cura", conta Deborah. A estreia seria em Londres, em 2020, mas a pandemia não permitiu. O adiamento deu ao espetáculo mais um ano de pesquisas, transformações e reflexões.
"A pandemia me fez ter certeza de que não era apenas da doença física que eu queria falar. A cura que eu quero não se dá com vacina", afirma.
Há dores mostradas no palco, mas há esperança no final. Ela diz que procurou preservar a alegria necessária à vida. Um ingrediente para isso foi a semana que passou em Moçambique durante a preparação, quando conheceu pessoas que não perdiam a vontade de viver, apesar das muitas dificuldades. "Fui procurar a cura e encontrei a alegria", conta.
Deborah incorporou ao espetáculo referências das três religiões monoteístas e elementos de culturas africanas, indígenas e orientais. Logo no início, conta-se a história de Obaluaê, orixá das doenças e das curas. "A ponte entre fé e ciência me ajudou muito. Fui experimentar o invisível, a sabedoria do invisível", diz.
Numa cerimônia realizada quando da morte do seu pai, Deborah conheceu o rabino Nilton Bonder, autor de “A alma imoral” e muitos outros livros. Ao planejar “Cura”, decidiu convidá-lo para desenvolver a dramaturgia. Dentre tantas contribuições, ele ressaltou que “pedir é curar”, ideia que gerou uma cena. Também apontou que “a grande cura é a morte”, o que motivou uma coreografia com dois bailarinos dançando ao som de “You want it darker”, de Leonard Cohen.
"O espetáculo apresenta todos os recursos imunitários e humanitários em aliança pela cura. A ciência, a fé, a solidariedade e a ancestralidade são o coquetel de cura do que não tem cura. Concebido antes desta pandemia, o título não é um “conceito”, mas um grito", afirma Bonder.
Carlinhos Brown foi convidado, inicialmente, para compor apenas o tema de Obaluê. Acabou criando praticamente toda a trilha, inclusive a canção inicial, dos versos “Traga meu sorriso para dentro” e “Sou mais forte do que a minha dor”. "A música veio na minha cabeça logo depois da primeira conversa com Deborah. Eu pensei: isso é um chamado, não é uma trilha normal'. É um trabalho muito mais profundo do que Carlinhos está fazendo uma trilha", diz o músico.
Ele canta em português, ioruba e até em aramaico. Os 14 bailarinos também cantam, em hebraico e em línguas africanas. É algo que acontece pela primeira vez nos 29 anos de história da companhia.
Fundador da companhia ao lado de Deborah, o diretor executivo João Elias vê em “Cura” um passo ainda maior que o dado pela coreógrafa no trabalho anterior, “Cão sem plumas” (2017), baseado no poema de João Cabral de Melo Neto. "Quando começou a coreografar, Deborah era mais abstrata, formal. Depois, passou a contar histórias, aprimorar dramaturgias. 'Cão sem plumas' já era um espetáculo visceral, emocionante. 'Cura' é ainda mais, mostra um grande amadurecimento", analisa ele.
Companheiro de Deborah em toda a trajetória, o cenógrafo e diretor de arte Gringo Cardia é outro que destaca a importância de “Cura” para a artista. "Ela era toda ciência. Passou por um crescimento espiritual. Foi conversar com Deus neste espetáculo", afirma. Sua assinatura está nas duas rampas que dão aos movimentos dos bailarinos a sensação de desequilíbrio. E está nas caixas que, entre várias funções, formam um muro. "O muro passa a imagem de um grande obstáculo, mas ele se divide em vários pedaços. Então, é possível atravessá-lo. É como a gente faz nas nossas vidas", diz Gringo.
Nos figurinos de Claudia Kopke – que esteve em “Cão sem plumas” – as pernas podem ter estilos bem diferentes, traduzindo o desequilíbrio que é um dos nortes do espetáculo. "Os bailarinos têm as cabeças cobertas, usam balaclavas, mas o final é dourado, de alegria", explica.
O iluminador Maneco Quinderé, que só havia trabalhado com a companhia em “Vulcão” (1994), também criou uma luz fragmentada, como sugerem as ideias de “Cura”. O final tem brilho, indicando renascimento. "Cada segmento tem suas características, e eles formam um caleidoscópio". diz ele.
Serviço
Datas: 4 e 5/6
Horário: 20h
Local: Teatro Goiânia
Preços:
Duração: 1h15 minutos (sem intervalo)
Classificação: Livre